sábado, 15 de setembro de 2012

Carta de Amor

Bem que não é meu e que aprendi a amar à distância, como podes iludir-te de que não há Amor em tuas palavras?!
        Quase foste feliz na tentativa de mascarar teus anseios e, através dessa supressão, manter-se fiel a si mesmo. Entendo-te, querido. Afinal, não é a nossa Vida o tesouro maior que possuímos?
         Deixe que eu te descubra. Tens medo de entregar-te a ela e, assim, acabares por me perder... Mas não, não é preciso temor nem tampouco fazer frente ao amor e todas as oscilações que ele traz em si.
        Digo-te mais: o ser ridículo por não teres escrito a Carta de Amor que a havias prometido e aquele ''Eu te Amo'' dissimulado foram para mim explosões da mais pura inquietação dos amantes. Eu que apenas observo o movimento da cena, aqui da antessala. Eu que não a conheço, e somente bem pouco a ti, fiquei profundamente emocionada com o teu ''fracasso''.
        Assim como não há para o Amor definição que o convenha, também para as Cartas de Amor não existem padrões a serem seguidos. E esta carta tão longe de chegar às minhas mãos e de ser minha, como eu bem gostaria, tem a essência mais pura de uma legítima Carta de Amor: a sincera emoção da doação.
       E, aqui, findo por esclarecer-te de que o Amor, embora nos roube a Vida, abre-nos a porta do céu.

Adriana

(Texto escrito em 2005, como parte de um trabalho da faculdade. Na ocasião, estudávamos as cartas de amor da portuguesa Mariana Alcoforado.)

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Preciso de liberdade para SER
Preciso que você me deixe amá-lo.
Sufoco e aos poucos perco a força
Permita que o ame a meu modo
pois na tentativa vã de amar como te agrada
perco-me, morro, deixo de SER.
Deixe-me abraçá-lo e beijá-lo...
Não tenha medo que eu o sufoque
ou me torne dependente de você.
Sinto-me engaiolada e já não canto
Para amá-lo preciso estar inteira
Não consigo ser comedida, ir devagar...
Amor à conta-gotas não é para mim.
(...)

quarta-feira, 27 de abril de 2011

"Assim como falham as palavras quando/ querem exprimir qualquer pensamento,/ assim falham os pensamentos quando/ querem exprimir qualquer realidade." Fernando Pessoa

Sei que a realidade propriamente não existe, pois os olhos não veem igual. Tampouco pessoas sentem igual.
Nesse mundo onde se perdem o real e o imaginário, o melhor e mais sensato a fazer é confiar nos seus instintos, pois o homem dito "humanizado" está cada vez mais longe disso.
Agimos irracionalmente a maior parte do tempo, porque de tanto raciocinar, de tanto inventar, de tanto querer... nos perdemos.
O homem agora, mais que tudo, necessita descobrir-se a si mesmo.

Adriana

Adiamentos...

Amanhã cortarei os cabelos
Depois de amanhã vou encher a cara
(por algum motivo que hoje ainda não sei)
Enfim, hoje não há o que fazer.
Vive-se amanhã.

Escrever....

Escrever é mesmo algo maravilhoso.
Acolhe, desnuda e embriaga.
(...)
Escrever é minha fuga
e minha rendição.

(15.12.2006)

Lembranças

Noite mal dormida
Febre. Devaneios.
Passeio pelo passado
Passado presente
O que faço de mim?!
Estou ausente
Gostaria de perder a chave...
Manter o baú fechado
Deixar que o tempo
e as traças
se encarreguem do que hoje
não sou capaz de fazer.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Vestes

"Você não é humilde." Meio sem contexto, você me despejou essa frase e desde então ela não me sai da cabeça. Afinal, veio a que propósito?

Humildade é uma virtude perigosa, pois nos dá o sentimento da nossa fraqueza. Reconheço não ser assim tão modesta, mas se há algo claro em mim é o sentir de minhas fraquezas. No entanto, evito submetê-las a outros por questão de segurança (ou será timidez?).

Ainda assim, é possível, mesmo a distância e em silêncio, você já ter perscrutado meus receios, adivinhando alguma fraqueza que, por orgulho, em vão tento esconder.

É preciso ser humilde para se deixar conhecer. É preciso nos submeter ao olhar alheio, e mais, é preciso estar inteiro - um olho curioso, perspicaz e atento facilmente desnuda. E lá estarão todas elas aos nossos pés.

Visto-me de orgulho, mas a roupa é leve, quase transparente.