Bem que não é meu e que aprendi a amar à distância, como podes iludir-te de que não há Amor em tuas palavras?!
Quase foste feliz na tentativa de mascarar teus anseios e, através dessa supressão, manter-se fiel a si mesmo. Entendo-te, querido. Afinal, não é a nossa Vida o tesouro maior que possuímos?
Deixe que eu te descubra. Tens medo de entregar-te a ela e, assim, acabares por me perder... Mas não, não é preciso temor nem tampouco fazer frente ao amor e todas as oscilações que ele traz em si.
Digo-te mais: o ser ridículo por não teres escrito a Carta de Amor que a havias prometido e aquele ''Eu te Amo'' dissimulado foram para mim explosões da mais pura inquietação dos amantes. Eu que apenas observo o movimento da cena, aqui da antessala. Eu que não a conheço, e somente bem pouco a ti, fiquei profundamente emocionada com o teu ''fracasso''.
Assim como não há para o Amor definição que o convenha, também para as Cartas de Amor não existem padrões a serem seguidos. E esta carta tão longe de chegar às minhas mãos e de ser minha, como eu bem gostaria, tem a essência mais pura de uma legítima Carta de Amor: a sincera emoção da doação.
E, aqui, findo por esclarecer-te de que o Amor, embora nos roube a Vida, abre-nos a porta do céu.
Adriana
(Texto escrito em 2005, como parte de um trabalho da faculdade. Na ocasião, estudávamos as cartas de amor da portuguesa Mariana Alcoforado.)
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